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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Privilégio de Questionar

Atualmente estou cursando o 6º semestre do curso de História na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), por se tratar de uma licenciatura temas pedagógicos sempre estão em pauta em nossas aulas, algo que me chama atenção é o estímulo de nossos professores no que se refere a levar o aluno a um pensamento crítico, frases como: “devemos formar cidadãos com pensamento crítico”, são clássicas quando os assuntos são temas pedagógicos. Gostaria de explanar o que em minha opinião é um pensamento crítico, e por que muitos cristãos vêem este tipo de pensamento como algo prejudicial a fé.

Primeiramente quando se fala em mente crítica não estamos falando de meras reclamações, não estou falando de criticar a roupa que determinada pessoa está usando ou críticas banais que estão presentes em nosso cotidiano, na verdade quando se fala em pensamento crítico, academicamente, estamos falando sobre questionar, duvidar, sobre como chegar a conclusões próprias. Incitar o pensamento crítico é extremamente necessário para que os jovens se tornem cidadãos ativos em sua sociedade, fazendo boas escolhas, conseguindo utilizar da lógica para traçar seus objetivos e assumir bons caminhos para suas vidas. Este tipo de pensamento deveria também ser alvo de busca de todo ser humano. Infelizmente o questionar dentro do meio cristão tem uma conotação totalmente negativa, principalmente quando o alvo de nossos questionamentos são nossos líderes ou as doutrinas ortodoxas intocáveis.

O pensamento crítico dentro do cristianismo é visto com maus olhos, pois para muitos questionar e duvidar são palavras que beiram a blasfêmia, principalmente para a ala fundamentalista que crêem serem os “donos da verdade” ou os detentores da “sã doutrina”, para estes qualquer questionamento que possa colocar em xeque os fundamentos de sua fé é considerado demoníaco ou blasfemo.

Eu particularmente creio que a dúvida, o questionamento e a crítica são excenciais para a formação da cidadania, foi dessa forma que a humanidade conseguiu avanços surpreendentes em várias áreas do conhecimento, a problemática e as formas como se chegam às resoluções dessas questões são pilares da produção do pensamento cientifico, infelizmente nós cristãos ainda preferimos simplesmente aceitar tudo o que é pré-estabelecido, por mais bizarro que tais teorias pareçam, do que buscar novas visões, novos caminhos, novos conhecimentos e até mesmo novas dúvidas. Estamos acostumados a “comer” sem perguntar a procedência, comemos tudo o que nos colocam a mesa, e acabamos nos tornando encefálicos sem nenhum tipo de opinião própria, levados facilmente por qualquer tipo de pensamento.

Por isto muitas vezes nós cristãos acabamos sem nenhum tipo de opinião sobre política, sociedade, atualidade, ficamos parados no tempo. Não conseguimos ter nenhuma opinião a não serem aquelas que nos foram ensinadas. Criticar, questionar e duvidar não são pecados mortais, na verdade são as melhores maneiras de conseguirmos respostas plausíveis para nossas inquietações. Precisamos romper com determinados paradigmas que nos constrangem ou nos amedrontam quando o assunto é questionar. E ainda vou além, se você é cristão e não possui inquietações com relação a sua fé sinto em lhe dizer, mas é melhor rever seus conceitos de cristianismo, pois se há algo de interessante na fé cristã é o fato de não sabermos todas as respostas.

Questione, duvide e critique (quando necessário), compare, leia, busque, quebre paradigmas seja um cristão que vai além, não se limite ao convencional, seja autêntico, exponha seus pensamentos, crie, este exercício com certeza será válido. Dê a você mesmo o benefício da dúvida, da incerteza. Não estou pregando o relativismo total, o que desejo dizer é que o questionamento é sadio e que devemos utilizar nosso intelecto para que possamos ser além de cristãos autênticos, cidadãos ativos em nossa sociedade, pessoas que buscam e conseguem produzir novos conhecimentos que vão além da alienação encefálica de alguns movimentos religiosos.



Julio Cezar Nakasato.

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