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terça-feira, 22 de março de 2011

Força Japão!!!!

Hoje fazem 11 dias do sismo e tsunami que devastaram parte do território Japonês.

O número de pessoas que morreram ou estão desaparecidas chegam a 22 mil segundo a policia local.

O povo japonês já se recuperou de uma guerra que devastou seu país e acabaram por se tornar umas das maiores potências mundiais. Talvez este histórico de vitórias em meio a situações adversas possa trazer força para que esta nação possa se reerguer desta tragédia.

Força Japão!!!!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ronaldo

Nesta segunda-feira dia 14 de fevereiro de 2011 se despediu do futebol um dos grandes gênios dos gramados, Ronaldo ”Fenômeno”, sua coletiva de despedida carregada de emoção foi transmitida ao vivo nas principais redes de televisão brasileiras, para aqueles que amam o futebol ficará apenas a saudade daquele que, em minha humilde opinião, foi, com certeza, o ícone brasileiro no mundo do futebol nos últimos 14 anos. Não é necessário falar sobre sua genialidade nos gramados, Ronaldo deixará saudades, pois gênios não aparecem todos os dias.

Apesar da maioria esmagadora dos jornalistas brasileiros terem respeitado solenemente este momento, publicando homenagens e mais homenagens a este atleta que com seu carisma conseguiu até mesmo parar uma guerra. Algo me entristeceu, uma minoria barulhenta de cronistas esportivos sem nenhuma credibilidade, jornalistas estes que nem mesmo citarei o nome para não acabar fazendo marketing a estes pobres insignificantes que tentam aparecer através da imagem dos grandes, estes vampiros criticaram acirradamente uma declaração do “Fenômeno” onde ele afirmou que jogava por amor. Li vários “cronistas” indagarem sobre o alto salário de Ronaldo, tentando dessa maneiro descredibilizar a afirmação do “Fenômeno”, como se o fato de Ronaldo ganhar um salário exorbitante retirasse qualquer possibilidade dele possuir  vinculo sentimental com sua profissão, se este argumento pífio utilizado por estes pueris repórteres fosse verdade deveríamos então descredenciar todos aqueles que recebem um bom salário e dizem amar suas profissões. Independente do valor que Ronaldo recebia para jogar futebol, devemos sempre lembrar que esta era sua profissão, às vezes olhamos os jogadores de futebol e os vemos como heróis, como representantes supremos de uma determinada “nação”, e dessa forma acabamos esquecendo que eles são profissionais, o futebol além de ser a grande paixão dos brasileiros, também é a profissão de milhares de jogadores, técnicos, auxiliares, entre outros. Ronaldo poderia ganhar o dobro do que ganhava e mesmo assim amar o que faz, não estou aqui para afirmar que a declaração dele foi verdadeira, estou aqui para demonstra que o argumento utilizado por estes projetos de cronistas esportivos é simplesmente pífio e inaceitável, eu particularmente creio sim que Ronaldo amava jogar futebol, e porque não? Quer dizer que se acaso algum médico dizer que ama seu serviço e ao mesmo tempo ser bem remunerado ele se tornará automaticamente um mentiroso? É obvio que não, seríamos perfeitos idiotas caso acreditássemos em um argumento construído em bases tão superficiais.

O que realmente acontece é que alguns sensacionalistas medíocres que não conseguem aparecer por um bom trabalho, assim como fez Ronaldo, tentam escalar nas costas da imagem de um grande esportista com ele foi, para poder aparecer e ganhar alguns pontinhos de audiência, algo simplesmente patético.

Finalizo este texto, dizendo que Ronaldo deixará saudades. Amando ou não amando o futebol ele fez, com certeza, com que muitos brasileiros tivessem, pelo menos por um curto espaço de tempo, orgulho de serem brasileiros, orgulho de serem compatriotas deste esportista que, por tantas vezes, se levantou das cinzas como um fênix, e nos mostrou um verdadeiro exemplo de perseverança e força de vontade.

Obrigado Ronaldo.

Julio Cezar Nakasato

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Flamengo é “a gostosa”



Você tem mil formas de ver futebol. Hoje, por consequencia natural do mundo azedo que vivemos, vemos quase tudo pelo lado negativo. Quando o Ronaldinho diz que “sonha em jogar no Flamengo”, logo surgem rivais pra dizer que é marketing, rubro-negros pra dizer que é fato, e azedos pra dizer que é mentira.

Verdade ou mentira no caso do Ronaldinho, fato é que quem vive no futebol já ouviu isso, em off, diversas vezes. E, portanto, não deve ser lenda.

O sujeito sonha em jogar no São Paulo porque ele quer ganhar em dia, quer estrutura, Reffis bonito, pressão com blindagem, condição de trabalho, etc.

Ele sonha em jogar no Inter por coisas parecidas.

No Santos, pela situação estrutural e administrativa atual do clube.

Sonha em ir pra Europa pela grana.

Mas quando ele sonha em jogar no Flamengo, nenhum argumento desses cabe.

O Flamengo é uma zona. A estrutura do clube é pífia, o mês nem sempre tem 30 dias e todo rubro-negro sabe disso e se lamenta. Mas ele não tem culpa, como os demais também não tem mérito algum nestas questões do clube.

Se o SPFC tem o que tem não é porque sua torcida foi lá construir. É mérito administrativo. Se o Flamengo não tem o que não tem, também não é culpa de quem torce. É de quem senta na cadeira de presidente pra fazer bobagem.

Enfim, conheço alguns jogadores de alto nível que jamais revelarão em público o desejo que revelam “em off”. Eles querem jogar no Flamengo, pelo simples fato de serem rubro-negros, o que cabe a qualquer clube do mundo, ou pela torcida.

Lenda? Verdade? Produto da mídia?

Não sei, não vou entrar nessa pilha. Pra mim é tão natural que o rubro-negro tenha certeza disso quanto o vascaíno jurar que é mentira. Ou seja, não vai adiantar muito perguntar.

Irrita essa coisa do Flamengo ser Flamengo. Qualquer torcedor rival fica puto.

Afinal, que diabos esse time sem estádio, com uma torcida que se diz favelada, sem CT, sem estrutura e que vive devendo tem de tão especial? Porque se compara ao meu, que tem tudo?

Irrita, é claro que irrita.

Mas o Flamengo assume o papel de “gostosa” do futebol brasileiro.

Você tem faculdade, estudou ingles, tem conteudo, familia boa… Ok.

A outra lá tem curso de alemão, casa na praia, tenis novo. Beleza.

Mas qual todo mundo olha e deseja? A gostosa.

Burra ou não, ela é gostosa.

Toda mulher inteligente e bem resolvida fica puta quando vê uma gostosa burra e sem nada na cabeça ser o centro das atenções e não ela.

“Os homens que são burros”, elas dizem.

Como dizem, hoje, os rivais que “os jogadores são burros”.

Deve ser uma sensação única pro rubro-negro saber que todo charme de seu clube está atrelado a ele. Como deve ser duro pra um outro entender como pode investir tanto pra ver um jogador preferir o clube que não tem condições de trabalho sequer parecidas.

Mas é a vida. Sem hipocrisia, sem falso moralismo…

A gente sempre prefere a mais gostosa.

E elas, com conteudo ou não, estão sempre buscando o corpo perfeito.

É mais elegante, bonito e digno de elogios ser cheio de conteúdo.

Mas se não for “gostosa”…. Não adianta nada.

E assim, seduziram o “bonitão” da vez.

Né, nação? “Fiu-fiu” pra vocês. rs

abs,
RicaPerrone

Pós-modernidade, a pluralidade e o Preconceito

“Orkutiando” por estes dias estive observando o perfil de várias pessoas dentro desta que atualmente é a maior rede social brasileira. Para aqueles que conhecem o Orkut sabem que existe um campo dentro da página de cada pessoa para que o usuário possa se auto definir. Observei que existe uma enorme dificuldade para as pessoas falarem de si mesmos, normalmente neste campo estão frases de autores consagrados, letras de músicas, pensamentos filosóficos, poemas e tantas outras coisas, mas dificilmente encontraremos alguém falando sobre si mesmo.

Quem somos? Se não me engano é a primeira pergunta das cartas enigmáticas recebidas por Sofia no clássico de Jostein Gaarder “O mundo de Sofia”, acredito que a dificuldade que Sofia teve para se auto definir é a mesma que a maioria de nós tem, existe uma dificuldade muito grande de falar de nós mesmos. Até pelo fato de nós, seres humanos, estarmos sempre em constantes mudanças comportamentais. Quantos de nós achávamos que conhecíamos determinadas pessoas e de repente elas tem atitudes totalmente contrárias aquelas que já estavam pré estipuladas em nosso pensamento, e quantas vezes nós mesmos somos surpreendidos por nossas atitudes, nós, humanos, somos seres extremamente complexos.

Se não conseguimos nem mesmo nos definir com facilidade, pois sempre estamos em constantes mudanças, devemos também parar para refletir sobre as nossas concepções e nossas construções sobre as outras pessoas. Vivemos em um mundo pós-moderno e globalizado onde novos grupos estão surgindo e cada vez mais novas perspectivas de pensamentos e novos costumes estão se fortalecendo, hoje é difícil falar em cultura local, pois a influencia de outros países e outras culturas através dos meios de comunicação principalmente da internet tem auxiliado na queda de costumes meramente locais e vem abrindo portas para a introdução de novas perspectivas dentro de praticamente todas as sociedades e de todas as áreas de pensamentos. Toda esta pluralidade no que tange a costumes, pensamentos, credos religiosos, tabus familiares, entre tantos outros, fazem com que vários pensamentos acabem por divergir,  e é neste momento que precisamos entender nossa sociedade e exercitar a compreensão e a tolerância, pois dentro deste mundo diversificado o preconceito contra tudo o que se difere de nós, acaba, infelizmente, sendo algo muito normal, a intolerância contra o “outro” acaba sendo também uma das marcas de nosso tempo. O preconceito surge a partir do momento em que não somente vemos as diferenças, mas também as repudiamos como algo inaceitável. Precisamos compreender que nossa sociedade está em constantes alterações, assim como nós mesmos, sabemos quão difícil é nos auto definir, mas, infelizmente, para definir outras pessoas de forma negativa, na maioria das vezes, não encontramos dificuldade alguma.

Como estudante de história tenho visto autores e mais autores tentarem sem êxito criar uma teoria que conseguisse tornar a humanidade um pouco mais exata, os marxistas, os estruturalistas, os positivistas, são muitas as teorias que tentaram criar uma regra para as ações dos seres humanos em seu curso na história, neste sentido, eu realmente concordo com a nova história, que redescobre fatos, que problematiza o que supostamente já estava concreto, trazendo novas visões e novas perspectivas a serem estudadas. Precisamos assumir que o ser humano não segue regras, protocolos e teorias, não existem universalidades para nossa raça, precisamos compreender a existência de uma pluralidade de costumes, de pensamentos, de credos que estão muito além daquilo que nós podemos definir. Somente dessa maneira poderemos exercitar a tolerância e o verdadeiro amor, devemos compreender que o melhor para mim, nem sempre é o melhor para todos, devemos respeitar as opiniões alheias, pois dessa maneira só temos a crescer como cidadãos e principalmente como seres humanos.

Julio Cezar Nakasato

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Calem a boca, nordestinos!

A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.

Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra... outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.

Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".

Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos "amigos" Houaiss e Aurélio) do nosso país.

E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!

Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!

Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?

Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?

Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos... pasmem... PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura...

Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner...

E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia...

Ah! Nordestinos...

Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?

Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.

Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!

Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!

Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário... coisa da melhor qualidade!

Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso... mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!

Minha mensagem então é essa: - Calem a boca, nordestinos!

Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.

Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.

Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”

Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

José Barbosa Junior, na madrugada de 03 de novembro de 2010.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Efêmero

O que significa viver um sentimento efêmero? A priori, nossos dicionários geralmente definem esta palavra como passageiro; algo que não possui longa duração. Não encontro dificuldade para concordar com esta afirmação, mas gostaria saber o que faço com aqueles momentos que foram passageiros na perspectiva do tempo, mas que eu nunca conseguirei apagar de minhas lembranças.

Daí nasce uma dúvida antagônica, ou seja, como posso dizer que foi passageiro aquilo que carrego tão vivo dentro de minha alma? É fato que o presente não se pode deter de forma alguma, e que fazendo uso da lógica, seria impossível que o presente se perpetuasse. Mas o problema é que me parece impossível viver uma vida tão lógica, e mesmo que fosse possível, creio que não me sentiria nem um pouco atraído por ela.

Quem pode viver uma vida tão previsível assim? Ninguém, ou pelo menos, ninguém que quisesse viver a vida em sua plenitude. Não é possível ser feliz vivendo do lógico, não pretendo jamais deixar de viver o efêmero da vida, já que esses momentos são únicos e não voltarão jamais. Aquele que se priva de viver o agora, certamente se arrependerá amanhã, chorará por não ter arriscado viver um grande amor, ou pelo menos, lamentará não ter tentado.

Se vivermos o presente com medo do que nos decorrerá deste momento, não conseguiremos sequer absorver o prazer que o presente nos oferece. Creio que em muitos casos nossas lembranças são mais prazerosas do que o momento realmente foi, talvez porque quando devíamos ter aproveitado a sensação nos perdemos em sentimentos que nos atrapalharam. Um beijo romântico na pessoa amada é perfeito nas lembranças sem que o tenha sido de fato, já que no momento o coração batia forte e a mão suava, impedindo assim que a sensação maravilhosa do beijo fosse de fato sentida.

Muitas vezes as sensações são, de fato, passageiras e é preciso que as aproveitemos, para que assim a memória esteja livre no futuro para fazer apenas sua função, recordar. Sim… algumas vezes ela exerce funções que não lhe são devidas, por exemplo, as vezes ela é incumbida de criar um momento que não existiu na realidade, criando assim, não uma lembrança, mas uma fantasia. Recuso-me viver apenas de fantasias, quero degustar cada instante como se fosse o último, cada oportunidade como sendo única.

Talvez por isso eu me sinta a cada dia mais débil, tenho prestado enorme atenção quando estou diante de algo que julgo ser bom. Tomando chá com uma mulher que me faz sentir o homem mais feliz do mundo, procuro notar como ela sorve o liquido e como seus lábios ficam lindos quando estão molhados, tento reparar como ela sente prazer quando estou acariciando seu cabelo, sinto seu cheiro quando a beijo e percebo como o tempo pára diante dela.

É bem provável que este exercício seja em vão, mas certamente tem me feito aproveitar melhor as sensações que tenho vivido. Alguém deve ter pensado nisso quando criou a foto, pois é exatamente isso que ela nos faz, torna eterno àqueles momentos mais felizes, e ao rever esta imagem podemos desfrutar, ainda que por instantes o que já se foi. Assim, o efêmero não deve ser visto como algo que passou, mas como algo que de certa forma temos vivido no presente e que tentaremos tornar eterno, ainda que a lógica do relógio nos tente impedir.

Leandro Possadagua

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Não lave suas Mãos

Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso.” 

Mateus 27:24 

Constantemente utilizamos a frase: “Eu lavo minhas mãos”, essa expressão tem sua origem no relato bíblico do julgamento de Jesus, refere-se ao governador Pôncio Pilatos ter lavado suas mãos perante o povo judeu e com este ato ter dado, mesmo que indiretamente, permissividade para o assassinato de Jesus Cristo, com esta atitude o governador da província estava querendo dizer que ele não possuía responsabilidade alguma sobre a morte daquele homem.

Pôncio Pilatos era o governador romano da província da Judéia, se havia alguém que poderia impedir a crucificação de Jesus esse alguém com certeza era Pilatos, historicamente os romanos dominaram o povo hebreu, o que explica o fato de um romano estar julgando uma causa puramente judia. Os judeus querendo ou não prestavam satisfações ao governo romano sobre suas causas. Pilatos tinha todo poder em suas mãos para impedir a condenação daquele que, ele mesmo via ser justo, porém Pôncio preferiu se eximir das responsabilidades que seu cargo lhe incumbia, preferiu lavar suas mãos, com medo de uma revolta por conta do alvoroço causado pelos judeus, Pilatos preferiu o caminho mais fácil, retirou dos seus ombros a responsabilidade, preferiu a omissão, covarde deixou um inocente ser condenado a cumprir com seu dever de governante.

Teologicamente muitos crêem que o fato de Pilatos lavar suas mãos, ao final, acabou por ser um fato irrelevante, pois a morte de Jesus era algo que já estava predestinado, e não seria o governador Pôncio Pilatos que faria com que isto não ocorresse. Eu particularmente tenho minhas críticas a este posicionamento, acredito que Jesus tinha o propósito de morrer pela humanidade, creio que isto aconteceria de qualquer maneira, porém não creio que tudo já estaria pré-ordenado para que ocorresse daquela forma, creio no propósito, porém não creio que Deus tenha pré-estipulado tudo nos mínimos detalhes, pois desta maneira seríamos apenas meros marionetes nas mãos do Criador, acredito que mesmo se Pilatos não condenasse Jesus, Ele acabaria morrendo, talvez através da revolta, e ele não seria uma referência de omissão e de alguém que não cumpriu com aquilo que deveria.

O fato é que Pilatos acabou por ser estigmatizado como o homem que teve a oportunidade de fazer algo correto e preferiu se omitir, eximindo-se de suas responsabilidades. Nós muitas vezes também agimos dessa maneira, certa vez ouvi uma conhecida que, diga-se de passagem, era uma mulher muito rica, dizendo que havia visto um mendigo comendo restos de alimentos que estavam no lixo e que aquela cena havia a comovido muito, disse também que a partir do momento em que ela tivesse condições gostaria de ajudar pessoas necessitadas. A grande verdade é que ela já tinha condições de ajudar, grande parte daqueles que lerão este texto tem condições de ajudar, mesmo em pequena escala. Não estou me referindo erradicar a fome no mundo, questões “macros” que não estão ao nosso alcance, e sim ao nosso dia-a-dia, estou falando sobre ajudar alguém a empurrar o carro, sobre dar um alimento a algum necessitado, sobre abrir o guarda-roupa e ver o quanto de nossas roupas estão simplesmente paradas por anos, e levá-las a um posto de arrecadação, para que outras pessoas possam usufruir daquilo que não nos faz falta alguma. Estou falando sobre aquilo que está ao nosso alcance, mas nós simplesmente preferimos “lavar as nossas mãos”, preferimos jogar o encargo nas costas de qualquer outro, nos omitimos perante aquilo que está dentro de nossa alçada, somos como Pilatos, preferimos fugir, incumbir outros daquilo que nós poderíamos fazer.

Infelizmente nossa sociedade capitalista nos impede de pensar no “outro”, ela nos transforma em pessoas extremamente individualistas, não conseguimos mais nos compadecer dos problemas alheios, somos movidos apenas por motivações particulares e, na maioria das vezes, mesquinhas. Lavamos nossas mãos perante várias situações que se colocam a nossa frente todos os dias.

Precisamos refletir sobre as concepções que o mundo capitalista nos impõe, principalmente no que se refere a nossas leituras sobre a vida, sobre a fraternidade e sobre o amor ao próximo, precisamos nos desprender da idéia de que a obrigação por um mundo melhor não é nossa, e começar a compreender que se todos fizerem a sua parte, através de pequenas atitudes com certeza conseguiremos fazer de nosso planeta um lugar melhor.


Julio Cezar Nakasato.