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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pós-modernidade, a pluralidade e o Preconceito

“Orkutiando” por estes dias estive observando o perfil de várias pessoas dentro desta que atualmente é a maior rede social brasileira. Para aqueles que conhecem o Orkut sabem que existe um campo dentro da página de cada pessoa para que o usuário possa se auto definir. Observei que existe uma enorme dificuldade para as pessoas falarem de si mesmos, normalmente neste campo estão frases de autores consagrados, letras de músicas, pensamentos filosóficos, poemas e tantas outras coisas, mas dificilmente encontraremos alguém falando sobre si mesmo.

Quem somos? Se não me engano é a primeira pergunta das cartas enigmáticas recebidas por Sofia no clássico de Jostein Gaarder “O mundo de Sofia”, acredito que a dificuldade que Sofia teve para se auto definir é a mesma que a maioria de nós tem, existe uma dificuldade muito grande de falar de nós mesmos. Até pelo fato de nós, seres humanos, estarmos sempre em constantes mudanças comportamentais. Quantos de nós achávamos que conhecíamos determinadas pessoas e de repente elas tem atitudes totalmente contrárias aquelas que já estavam pré estipuladas em nosso pensamento, e quantas vezes nós mesmos somos surpreendidos por nossas atitudes, nós, humanos, somos seres extremamente complexos.

Se não conseguimos nem mesmo nos definir com facilidade, pois sempre estamos em constantes mudanças, devemos também parar para refletir sobre as nossas concepções e nossas construções sobre as outras pessoas. Vivemos em um mundo pós-moderno e globalizado onde novos grupos estão surgindo e cada vez mais novas perspectivas de pensamentos e novos costumes estão se fortalecendo, hoje é difícil falar em cultura local, pois a influencia de outros países e outras culturas através dos meios de comunicação principalmente da internet tem auxiliado na queda de costumes meramente locais e vem abrindo portas para a introdução de novas perspectivas dentro de praticamente todas as sociedades e de todas as áreas de pensamentos. Toda esta pluralidade no que tange a costumes, pensamentos, credos religiosos, tabus familiares, entre tantos outros, fazem com que vários pensamentos acabem por divergir,  e é neste momento que precisamos entender nossa sociedade e exercitar a compreensão e a tolerância, pois dentro deste mundo diversificado o preconceito contra tudo o que se difere de nós, acaba, infelizmente, sendo algo muito normal, a intolerância contra o “outro” acaba sendo também uma das marcas de nosso tempo. O preconceito surge a partir do momento em que não somente vemos as diferenças, mas também as repudiamos como algo inaceitável. Precisamos compreender que nossa sociedade está em constantes alterações, assim como nós mesmos, sabemos quão difícil é nos auto definir, mas, infelizmente, para definir outras pessoas de forma negativa, na maioria das vezes, não encontramos dificuldade alguma.

Como estudante de história tenho visto autores e mais autores tentarem sem êxito criar uma teoria que conseguisse tornar a humanidade um pouco mais exata, os marxistas, os estruturalistas, os positivistas, são muitas as teorias que tentaram criar uma regra para as ações dos seres humanos em seu curso na história, neste sentido, eu realmente concordo com a nova história, que redescobre fatos, que problematiza o que supostamente já estava concreto, trazendo novas visões e novas perspectivas a serem estudadas. Precisamos assumir que o ser humano não segue regras, protocolos e teorias, não existem universalidades para nossa raça, precisamos compreender a existência de uma pluralidade de costumes, de pensamentos, de credos que estão muito além daquilo que nós podemos definir. Somente dessa maneira poderemos exercitar a tolerância e o verdadeiro amor, devemos compreender que o melhor para mim, nem sempre é o melhor para todos, devemos respeitar as opiniões alheias, pois dessa maneira só temos a crescer como cidadãos e principalmente como seres humanos.

Julio Cezar Nakasato

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